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No fim do arco-iris - Pierre Simões

2012-06-08 0 0 Vimeo

No fim do arco-íris (Pierre Simões) ISRC BRR200900019 Quando eu era criança, Guri das Minas Gerais A gente enchia a pança De arroz doce e tudo mais De tarde quando chovia Refrescava o calorão No morro aparecia Um arco-íris bonitão O povo sempre dizia Com certeza e com razão Um pote no fim havia Cheio de ouro, no chão. Mas ninguém se atrevia Pegar o tesouro não Todo mundo se tremia De arranjar só confusão Sonhar alto era pecado Quanto mais pra ser barão Vejam o Zé, mas que coitado! Ficou pobre desde então Mas no fundo eu queria Ver de perto o tal quinhão Mas disseram que eu teria Pelo padre, excomunhão. Com coragem e valentia Fui pegar o dinheirão Que bobagem, não existia, Um só grama, nem um tostão. No lugar um anjo havia Com um baita sorrisão Me falou como eu podia Conquistar o presentão O tal pote existiria Só com uma condição Se quiser ser rico um dia É mais que um bom coração Vai ter que fazer as pazes Com o dinheiro e com o perdão Afastar vícios vorazes Como culpa e depressão Assumir a própria vida Ter por ela, gratidão. O poder de escolha é tida, Como sábia decisão O sucesso se aprende Com estudo e com ação A riqueza só depende De você com ambição. Canção registrada na Biblioteca Demonstrativa de Brasília Fundação Biblioteca Nacional Ministério da Cultura Canções para atrair dinheiro e felicidade Registro nº. 479694 Protocolo EDA/DF 2009 nº 1022 de 10 de novembro de 2009 http://www.bn.br No fim do arco-íris De tarde eu estava compondo uma das canções para este CD, quando caiu um toró daqueles de arrasa-quarteirão, com muitos trovões e relâmpagos, parecia o fim do mundo. Algum tempo depois aparece um solzão bonito e do lado oposto um imenso arco-íris como nunca havia visto, de tão bonito, todas as cores bem vivas, fazendo aquele arco de um lado pro outro, uma maravilha. Como canto na música, o povo lá em Minas dizia que havia um pote de ouro no fim, mas que não era permitido pegar, pois era pecado. Nunca me esqueci desse fato e hoje compreendo porque algumas pessoas de bom coração não enriquecem. Essas pessoas são por demais religiosas e tomam os ensinamentos sagrados ao pé da letra. Muita gente se exime da responsabilidade que é e deve ser apenas sua. Atribuem a Deus e à Sua vontade pelas angústias e poucas alegrias que têm na vida, não se esforçando em nada para mudar. É “minha cruz”, o “meu carma” ou o “meu destino”, dizem. Se conformam em ser e viver como o “Senhor assim o desejou”, afinal de contas, “Ele é Onipotente, Onipresente, Onisciente e melhor do que nós sabe o que nos convém”. Nada mais ilusório. Adoro a história de um homem, cujo lema de vida era “Só Jesus salva!”. Então houve uma enchente na cidade onde morava e a água começou a inundar tudo. Veio uma canoa para resgatá-lo, mas apesar dos insistentes apelos dos amigos recusou-se a sair de casa, usando seu lema de vida. Depois veio uma lancha da defesa civil, e por fim um helicóptero do corpo de bombeiros, e ele ali firme como uma rocha “Jesus vai me salvar!” Por fim afogou-se e foi pro céu, se queixando com Jesus por ter sido abandonado na enchente. O Mestre retrucou que havia tentando sim salvá-lo, mandando uma canoa, uma lancha e um helicóptero, mas mesmo assim não o quis, fazer o que? O preceito que diz que “o rico não entra no céu” foi deturpado e obviamente mal interpretado pelas figuras afetivas de nossa formação como ser humano. A passagem bíblica do camelo e o furo da agulha se referiam apenas a uma imagem mística de como o homem deveria se comportar após a sua morte. Diziam os historiadores que nas cidades orientais antigas os portões eram fechados por volta de 18 horas. Os camelos que chegavam após esse horário, só entravam por um portãozinho bem pequeno, chamado de agulha, ao lado da cidade, de joelhos e sem a carga que traziam no lombo. Essa história sugeria que homem quando morresse, só entraria nos reino dos céus com humildade e se deixasse na terra suas riquezas. Dependendo da pessoa que contar essa passagem para seu filho ou aluno, poderá impregnar nele o pecado de ser rico e sabotar, ainda que inconscientemente, seu progresso profissional e financeiro. Não raro ainda são reforçadas com histórias pavorosas de como o Zé Fulano de Tal se atreveu a ganhar dinheiro e por isso se deu mal e quando morreu foi para o inferno. Não é difícil imaginar como deverá ser a vida financeira de uma pessoa atrelada com sentimento de culpa religiosa em relação a dinheiro.